20/06/11

 
Acho que sempre me habituei à ideia de que as coisas têm de ser perfeitas, pelo menos na minha visão de perfeição. Não porque elas o fossem (duvido que o sejam, seja com quem for), mas porque, de uma maneira ou de outra, consegui sempre elevar tudo, bom ou mau, àquela noção de perfeição quase irrisória, quase utópica, de foi mau, mas podia ter sido pior / foi mau, mas foi por uma boa razão / foi péssimo, mas amanhã vou estar melhor / foi terrível, mas tudo vai ser melhor agora. E tudo era realmente melhor depois. Acho que, quando queremos, é possível arranjar formas, descabidas ou não, de transformar aquela pedra no sapato, aquele dia menos agradável, aquela situação mais dolorosa (sem falar em extremos, claro). Óbvio que isso exige uma grande dose de optimismo, de motivação e, sobretudo, de capacidade para ignorar essas coisas (aquelas que, às vezes, nos tiram do sério e nem merecem) e acho que é preciso uma boa base, que pode variar: bons amigos com quem desabafar, bons colegas de trabalho, bons familiares, bons filmes, boas músicas, boas séries. Às vezes um mimo. Ninguém ultrapassa nada sozinho, não é? Grande parte da nossa força tem alguém ou alguma coisa por trás e isso não é, nem pretende aqui ser, sinónimo de fraqueza, apenas uma constatação. Minha. Percebo que para estar bem preciso que uma série de coisas também estejam e, portanto, não acredito que amor e uma cabana sejam suficientes (metaforicamente falando). O problema é quando sinto que essas coisas me falham e que, por consequência, estou eu a falhar também e, de repente, essa coisa da perfeição desaparece e o que parece é que é tudo mau. No final questiono-me se a culpa é minha, se é das coisas. Sinto muita falta de ouvir o vai ficar tudo bem mais forte e seguro do mundo que, em última instância, era mesmo o que fazia com que ficasse.

Ninguém é forte sozinho.

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