30/06/11

Houve várias alturas, em trabalho, em que algo de transcendente (digo eu) me atingiu quando vi alguém fazer alguma coisa. Não importava quem nem quando. Bastava ver alguém fazer alguma coisa que eu também queria fazer. E da primeira vez que isso aconteceu foi também a primeira vez que senti com certeza e determinação que yep, é mesmo isto que quero fazer. Quando se tem essa sensação, quando esse ideal nos afecta e atinge, quando qualquer coisinha se revolve cá dentro, quase sem explicação ou numa língua inteligível, mas bastante perceptível aos sensores da alma ou da essência, como que a mostrar-nos o caminho ou a dizer-nos exactamente que é por aquilo que temos de lutar porque é mesmo aquilo que queremos fazer... eu fico em êxtase. Quase como se visse a luz, como se o túnel da luz branca se deslindasse à minha frente mesmo sem ter morrido. É aquela invejazinha saudável a alertar-nos, a dar-nos um sinal, a desvendar-nos terreno, a dizer ao nosso corpo e à nossa mente que aquele é o caminho, that this is it. De todas as vezes que essa sensação bateu à minha porta, abriu o canal da adrenalina, fez-me ferver e tremer numa questão de segundos. Como se o nevoeiro se dissipasse para me dizer alto e bom som: é isto!

Metáforas à parte, houve alturas em que vi gente fazer exactamente aquilo que eu queria fazer. Mas depois houve alturas em que vi gente fazer aquilo que eu queria fazer e senti esta espécie de sensação metafísica, espiritual, whatever. Nessas é que eu percebo. Nessas é que fica tudo mais claro.
Das últimas (sendo que são todas sempre as mesmas) houve uma que me tocou em particular. Que se afigurou possível, concreta, um primeiro passo antes do decisivo passo, um sonho, uma vontade.

De tanto que estes últimos meses têm sido vazios de expectativas ou objectivos ou vontades, esta chegou e impôs-se. E com ela vem esta coisa outra vez, este revolver cá dentro, sem explicação, só com origem desconhecida. Mas esta acaba por ser diferente: senti isto a vida toda.





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